Como explicitou Marx, o capitalismo trata-se de um modo de produção cujas contradições internas o levam à queda; ou seja, é um sistema fadado a entrar em crise, cedo ou tarde. No panorama de crise atual, surge o debate sobre um novo capitalismo - e até sobre o fim dele - enquanto buscam-se medidas urgentes para apagar o incêndio, limitar o poder destruidor da crise e entender as questões mais profundas em jogo.
Nessa busca por alguma luz, tem-se procurado o apoio de antigos pensadores, como o próprio Marx, e o economista inglês John Keynes, que nos lembra que a economia contém armadilhas nem sempre resolvidas pelas forças do mercado. E nesse caso, fica claro que a balança pesou para o lado do mercado, e o sistema entrou em conflito.
Um dos agentes da crise atual discutidos por Marx é a composição orgânica do capital, que é a relação entre a parte constante (o valor das matérias-primas, máquinas e equipamentos, instalações) e a parte variável (força de trabalho de acordo com os ciclos do capital). Ou seja, reflete a quantidade de maquinário, matéria-prima etc., em relação à força de trabalho necessária para a produção da mercadoria. Desse modo, quanto maior a produtividade do trabalho, maior a composição orgânica do capital. Trata-se de um processo social, algo historicamente determinante. Estão envolvidos aí a rede de relações do processo de trabalho, e, principalmente, os mecanismos de controle e domínio.
A taxa de lucro, usada nos cálculos capitalistas cotidianos, por sua vez, seria o agente entre mais-valia e capital total (capital variável mais capital constante).
Na lógica da exploração capitalista, a fonte dos lucros sobre a qual o capitalismo se apóia é a mais-valia advinda dos trabalhadores. Nesse sistema, em que cada capital (individual, de corporações ou nações) quer para si uma fatia maior da mais-valia, forma-se uma taxa geral de lucro e assim, uma mudança na teoria do valor-trabalho. Ao mesmo tempo, os capitalistas procuram ganhar o maior retorno possível para seus investimentos, a taxa de lucro mais elevada possível. A queda dessas taxa de lucro é a origem fundamental das crises que assolamregularmente o sistema capitalista. E uma das causadoras da queda da taxa de lucros é a concorrência. A lógica é a seguinte: com a ambição de estarem à frente das empresas concorrentes, os produtores de mercadorias buscam uma maior produtividade. Porem, é o aumento da produtividade que faz com que as taxas de lucro caiam.
Ou seja, quando analisamos a situação atual tendo em vista a história do capitalismo, percebemos que as crises são soluções súbitas e, de certa forma, necessárias para as condições construídas. Não se trata da primeira nem da última crise do capitalismo e tampouco de uma situação sem saída. As soluções não são nenhum mistério: estimular o consumo e o crédito, demitir funcionários, trabalhar para uma balança comercial favorável... Porém, é preciso ter em mente que, assim como tudo no capitalismo, a recuperação da crise tem um preço. E é certo que a classe trabalhadora, o elo mais frágil, pagará o preço do desemprego, deterioração das condições de trabalho e dos padrões de vida.
terça-feira, 16 de junho de 2009
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