terça-feira, 16 de junho de 2009

O keynesianismo como salvação do mundo

Por Bruna Trocoli Rodrigues

No dia 24 de outubro de 1929, o mundo teve de repensar o capitalismo. A quinta-feira negra teve como missão mostrar que as grandes economias estavam imersas num círculo vicioso. É nesse contexto que as ideias de John Maynard Keynes foram concebidas. Ele tentou entender por que o sistema anterior tinha entrado em colapso. Aliás, como um cenário próspero, com crescimento alto, indústria farta, baixos índices de desemprego e o produto interno bruto em ascensão, poderia culminar numa Grande Depressão? Ao contrário do que muitos pensavam, o crescimento é uma forma de se gerar crise.

Na tentativa de reverter este, que foi um dos quadros mais problemáticos até hoje vivido, eis que surge a doutrina Keynesiana. O economista britânico teria que criar algo novo, com padrões diferentes do que já existia nas teorias liberais.

A ideia básica de Keynes era a de um processo de fluxo circular, onde o dinheiro flui das empresas para as pessoas, e vice-versa. Seja sob forma de salários, remunerações, rendas, juros e lucros: o importante era ter uma lógico compensatória.

Contudo, o processo não teria como funcionar ininterruptamente. Por exemplo: o padrão comportamental das pessoas de poupar seria suficiente para romper o pacto. Quando se poupa, há menos produção, menos salário e , portanto, menos investimento. Keynes percebeu que quando se investe menos, a retração econômica se inicia, o que facilmente estabelece uma crise.

Diante desse cenário, o economista pensou numa solução para cada vazamento. A poupança teria de ser contrabalanceada com investimentos. A importação deveria se equilibrar com a exportação. Por fim, o governo poderia usar os impostos para financiar a aquisição de bens e serviços sociais, de modo que as despesas governamentais se equilibrassem com o recolhimento fiscal. Ainda assim o fluxo circular apresentava vazamentos.

O caminho era colocar o Estado em cena. Desde o liberalismo, a ideia do “laissez-faire” imperava nas economias mundiais, isto é, a não intervenção do Estado era uma regra geral. Porém, no contexto de uma crise – nos caso a de 29 -, Keynes entendeu que o protecionismo poderia ajudar a economia se reerguer. Promover medidas de incentivo era função do governo: destinar verba para investimentos que movimentassem a economia e conceder linhas de crédito com baixo custo.

O Estado que Keynes disse precisar tomar frente numa situação de crise também se fez presente nos últimos meses. Vimos governos tomarem medidas protecionistas para tentar regular uma economia machucada e praticamente falida. É evidente que novas correntes deixaram os pensamentos keynesianos para trás, mas a tendência de evocar a presença do Estado num momento de turbulência econômica continua a mesma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário