A militarização foi elemento indispensável para a consolidação dos grandes impérios que dominaram o Mundo Antigo e a Idade Média. A sociedade asteca era comandada pelo chefe do exército, os romanos tinham o militarismo como sua base sócio-educativa e os árabes pouco teriam expandido sua fé senão à custa de duras batalhas e bravos guerreiros. Fatos conhecidos. O que espanta mesmo é que essa dependência absoluta das armas pelos povos dominantes tenha atravessado a era moderna e continue sendo a lógica das nações democráticas, de valores elevados e princípios humanistas. Sim, o destino manifesto de nossos líderes yanques é guerrear. Inventem-se inimigos, sugiram-se ameaças, dissemine-se o pânico... o Tio Sam precisa vender armas para manter-se de pé!
Foi essa a lição que eles aprenderam após serem resgatados do desastre da crise de 1929 pelo crescimento econômico alcançado durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a depressão da década de 1930, o economista John Maynard Keynes desenvolveu uma profunda análise do funcionamento capitalista e apontou possíveis soluções, na sua obra The General Theory of Employment Interest and Money . Ele identificou um fluxo circular na produção de bens e no consumo da sociedade: o valor daquilo que é produzido por uma empresa é transmitido para a população sob a forma de remunerações, lucros e juros; depois esse dinheiro volta para a empresa quando os bens e serviços forem consumidos.
Keynes notou, porém, que esse fluxo apresentava vazamentos, como as poupanças (quanto mais um indivíduo recebe em rendas, mais ele salva), as importações (que transferem dinheiro para fora do país) e os impostos (que transferem parte do valor da produção para o Estado). Para que o equilíbrio se mantivesse era necessário que as importações equivalessem às exportações, que o governo aplicasse o que recebia em impostos na aquisição de bens e serviços e que os investimentos das empresas crescessem mais que as rendas das pessoas para que eles superassem as poupanças. Mas esse último equilíbrio se mostrou pouco provável de acontecer uma vez que os investimentos inevitavelmente elevavam a capacidade produtiva do país, aumentavam as rendas e assim a quantidade de dinheiro poupado.
A solução proposta pelo economista- e depois revista por diversos estudiosos ao longo do século XX - foi que quando as poupanças superassem os investimentos, o governo deveria tomar emprestado o dinheiro poupado e investir em projetos que não aumentassem a capacidade produtiva da economia, como aqueles de utilidade pública. Esses investimentos não aumentariam o capital e garantiriam o emprego. Mas escolas, hospitais e pontes não garantem os interesses dos grandes empresários, além de apresentarem uma demanda finita.
Em que deveria, então, investir o governo norte- americano? A resposta veio rápido e não deixou dúvidas. As demandas militares vindas da Europa entre 1939 e 1945 garantiram o pleno emprego nos EUA. Percebeu-se que a produção de armas não aumentava a capacidade produtiva e tinha uma demanda infinita. Portanto, findada a guerra, o país continuou a investir em instrumentos militares e formou um complexo industrial- militar sem precedentes na história da humanidade. Nada como a Guerra-Fria, nos anos que se seguiram a 1945, para justificar que a indústria bélica assumisse tamanhas proporções, afinal “o mundo estava em perigo” e alguém precisava salvá-lo.
Os efeitos de uma guerra – nunca travada em solo norte-americano – tornaram-se secundários uma vez revestidos de tanta pureza ideológica. Que os soldados sejam mutilados, as crianças mortas, as mulheres estupradas e os livros queimados no resto do mundo. Aqui nós continuamos livres, iguais e fraternos!
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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