quarta-feira, 17 de junho de 2009

Mais do mesmo

A leitura do texto A teoria Econômica Keynesiana e a Grande Depressão traz ao leitor a impressão de que a única saída possível para uma crise é o desenvolvimento de uma boa teoria econômica, como aconteceu com os EUA depois dos estudos de Keynes sobre a crise de 1929. Mas a própria saída norte-americana, desumana e contraditória, dá indícios de que é preciso pensar soluções muito mais abrangentes para que um país volte a seu eixo de maneira consistente. E é justamente essa a discussão do texto Limites do Enfoque Econômico. Os argumentos são apresentados de maneira bem sintética, uma vez que se trata da introdução de uma coletânea de artigos, mas os autores fornecem ferramentas interessantes para se pensar crises em geral, a partir da análise da depressão da década de 1970.
Em um contraponto à situação de 1929, o texto mostra que o boom no preço do petróleo trouxe conseqüências muito mais graves às nações subdesenvolvidas, que na década de 30 tinham até adquirido algumas vantagens com a desestabilização das nações industrializadas. A crise do petróleo adquiriu características muito peculiares em países como o Brasil, que dependia fortemente das exportações para as nações mais ricas. O tempo agora era da automação e os desenvolvidos poderiam trazer para seus territórios a produção dos bens antes importados.
O excesso de mão de obra já não era mais vantagem para nós, que agora possuíamos uma taxa enorme de desempregados. Além disso, nos mantínhamos em uma posição de dependência absoluta das tecnologias desenvolvidas em outros países, o que só nos trazia mais um grave problema: o endividamento. Tal situação analisada unicamente pelo âmbito econômico é instransponível, uma vez que a economia mundializada exige que cada nação modernize sua produtividade para se tornar mais competitiva. Diante disso, os países subdesenvolvidos se viram obrigados a oferecer vantagens para o capital internacional para que eles se transferissem para essas regiões.
Mas essa saída teve um preço alto que poucos quiseram analisar na época. Os governos precisaram oferecer custos de produção baixos às empresas estrangeiras e ceder nas exigências de preservação ambiental. O texto (escrito provavelmente na década de 80) propõe que esses outros prejuízos fossem levados em conta ao procurarem alternativas. O imediatismo das soluções estava impedindo que medidas mais inovadoras fossem tomadas. Não se pensava em outros modelos econômicos para superar a crise, ou ainda em alternativas políticas, culturais e sociais. Outra falha que o texto aponta é o desperdício de oportunidade de se reavaliar a posição brasileira na divisão internacional do trabalho e nos libertarmos da condição de fornecedores de matérias primas.
Mas como é sabido agora, duas décadas depois, as soluções tomadas foram, sim, economicistas. O meio ambiente continuou relegado, propostas inovadoras foram postas de lado e a lógica de subordinação dos países subdesenvolvidos continuou a mesma. Pior, estamos passando por mais uma crise sem que essa diversificação de áreas de atuação seja sequer mencionada. Os modelos de produção e consumo mais uma vez se mantém. Queremos mesmo é que os governos retirem dinheiro dos cofres públicos para que a mesma engrenagem continue girando. Soluções cada vez mais técnicas para problemas cada vez mais humanos.

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