Por Elisangela F. Silva
Em momentos de recessão, os economistas debatem, rebatem se batem até o esgotamento tentando descobrir qual a melhor doutrina que explicaria a confusão financeira e qual a melhor solução.
Nas discussões temos dos mais utópicos aos mais realistas, enfim existem ao montes teorias que apontam as falhas e todas elas com uma visão, ao meu ver, certas. Analisar a economia é pensar em tantos outros setores e fatores da sociedade que as teorias aplicadas fazem todo o sentido dependendo do ponto de vista. O que é importante ressaltar é que nenhuma teoria contempla todas as visões e pensar economia é pensar em um processo global, o que é para poucos, se não raros.
John M. Keynes foi uma dessas pessoas que conseguiu analisar a economia de forma ampla. Sua teoria do grande Estado como força motora do país foi questionada diversas vezes, o laissez-e-faire dominava e domina a economia mundial. Porém quando esta dinâmica ruiu pela primeira vez que culminou com a crise de 1929 (e tantas outras vezes durante a história do capitalismo), o Estado é novamente acionado para conter o desaquecimento econômico.
Se as crises fazem parte do sistema capitalista, como alguns estudiosos tendem a dizer, se a estrutura é cíclica, nada mais sensato que utilizar o mecanismo que deu certo: o Estado como grande pai da nação que não desarticula as grandes empresas e não deixa desempregado os consumidores.
O sistema capitalista se tornou tão complexo que é imanente a si próprio a crise, tornou-se próprio da sua dinâmica como forma de inovar, selecionar o capital forte e incorporar as empresa fracas. A crise, intercalada por momento de grande euforia nos mercados mundiais, está atrelada ao não consumo total da produção.
De acordo com Keynes, a economia é circular uma vez que o dinheiro pago ao trabalhador volta para o mercado em forma de consumo, que por sua vez volta para a indústria em forma de investimentos. A crise é gerada quando não há essa circulação plena. Em sua teoria é apontado três fatores para o “desvio” de função da capital. Todos os fatores estão estritamente ligados ao não consumo total por parte dos trabalhadores, que pode acontecer por economizar o salário, por consumir produtos não nacionais e pelo pagamento pesado de impostos.
Com o fluxo circular interrompido ou funcionando mal, a Indústria reduz a produção e o quadro de funcionários, os investimentos também são reduzidos, criando um grande desaquecimento econômico. Como solução para a retração, Keynes propõe que haja o aumento de exportações, de consumo Estatal e aumento de empréstimos. Porém, segundo ele, as soluções apontadas seriam cada vez mais aumentadas para que a produção fosse plenamente consumida, entretanto, há um limite para essa incrementação econômica.
Segundo Keynes, as soluções tem forte ação do Governo, a intervenção se faz necessária quando o mercado com a teoria de fluidez e auto regulamentação desestruturam a economia mundial. Esse foi o caso de 1929, quando o desaquecimento econômico nos Estados Unidos, gerou uma crise em escala mundial.
A intervenção do Estado como engrenagem principal não apenas foi necessária como mostrou para mundo a fragilidade do sistema capitalista. A participação do Estado como empresa foi fortemente utilizado para restabelecer a economia americana e em 2006 a teoria keynesiana voltou com força total, as reduções de impostos, os empréstimos, os pacotes milionários para investir em empresas a beira da falência mostram a força do Estado que pela lógica deveria deixar a economia se guiar por si só.
O Estado como peça central da economia não era para Keynes uma forma de destruir o sistema capitalista, pelo contrário, o objetivo era fortalecer as ligações entre produção, consumo e investimentos e fazer fluir a economia como aconteceu com a crise 1929 que foi superada por grandes investimentos do governo que até hoje utiliza esse mecanismo para acelerar a economia.
Se o deixa estar que se resolve não der certo, se houver algum erro na dinâmica do sistema capitalista, que para Keynes é o mais completo sistema econômico criado, o Estado é responsável por reorganizar o processo e colocá-lo novamente nas engrenagens certas de produção e consumo. Na dúvida, o Estado é a melhor opção.
Entretanto, o Estado aparece apenas como ator coadjuvante em momento de euforia econômica e em momentos de crise surge como o mocinho que todos achavam que estava morto mas aparece para salvar o mundo e ganhar o coração da donzela.
Os investimentos deveriam ser feitos a todo tempo, os impostos pagos deveriam ser utilizados para o altruísmo social, a incrementação Estatal em obras, infra-estrutura é dever do Estado, porém o laissez-e-faire prega que as engrenagens funcionaram do nada, por si só, sem nenhum empurrãozinho. Sinceramente, não devemos chamar o Estado, ele deve estar sempre de prontidão.
terça-feira, 16 de junho de 2009
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