terça-feira, 16 de junho de 2009

Marx e a crise

Muito falada e temida por todo o mundo, a recente crise da economia global que estourou no segundo semestre de 2008 e gerou uma série de falências e demissões pode ser melhor entendida se analisarmos as teorias de Karl Marx, pensador do século XIX, que, porém, ainda cabem, e muito bem, no contexto dos dias de hoje. Pode-se dizer que a crise é um reflexo da queda na taxa de lucro e para entender do que se trata essa taxa, é necessário primeiro saber o que é a mais-valia e o capital orgânico.

A mais-valia se trata do valor de exploração dos assalariados, ou seja, do trabalho não pago ao trabalhador. O trabalhador vende sua força de trabalho e o valor dessa força é calculado pelo quanto é necessário para sua subsistência. Porém, esse pode trabalhar além de certo número de horas e produzir, dessa forma, um valor superior ao correspondente que lhe é pago. Esse excedente, favorável ao empregador, é a chamada mais-valia. Já o capital orgânico é a relação entre o capital variável, que é a força de trabalho, o capital constante, que é o investimento na produção e a mais-valia. Do capital orgânico é criada, então, a taxa do lucro, a relação entre a mais-valia e o capital total (capital variável somado ao capital constante), que determina quanto o capitalista lucra, paralelamente à taxa de mais-valia, que determina o quanto o trabalhador é explorado.

A taxa de lucro pode variar de acordo com alguns fatores na economia. A livre circulação do capital, por exemplo, eleva essa taxa, assim como o déficit favorável na balança comercial do país. Dessa forma, algumas medidas que conteriam a queda na taxa de lucro seriam a manutenção da balança comercial como favorável, ou seja, vender e importar o mesmo valor em produtos e o estímulo ao consumo e ao crédito, que faz o capital circular no mercado.

No cenário da crise, porém, momento no qual o crédito é cortado, paralisando o capital, e a demanda do consumo diminui, surge como medida mais usual para conter essa queda as tão temidas demissões em massa. Como a demanda de consumo é menor, a produção necessita diminuir também para não causar prejuízo, tornando-se necessário a diminuição do número de trabalhadores para que a taxa de mais-valia permaneça a mesma e não gere a queda na taxa de lucro. Dessa forma, cria-se um paradoxo, visto que se demite para adequar-se a menor demanda, porém as demissões geram maior queda no consumo, visto que os desempregados não têm poder aquisitivo para consumir, o que acarreta em mais demissões e assim por diante, a busca pelo lucro causa o colapso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário