Fábricas saindo dos grandes e desenvolvidos países para se firmarem em grandes centros fornecedores de mão-de-obra barata e benefícios fiscais vantajosos já não são nenhuma novidade. Empresas que deixaram de pertencer à sua nacionalidade de origem para serem “globais”, com escritórios, fábricas, centros distribuidores e fornecedores de matéria-prima espalhados nos países que melhor lhe condizerem também não. Fábricas que incentivam o consumo ao extremo, escondem dívidas incalculáveis, e, quando entram em situação de emergência, pedem ajuda ao governo para se reestruturarem também não. Afinal, o que temos de novidade no mundo globalizado atual?
O título “Perdedores Globais” dado por Robert Kurz pode indicar que, de uma forma geral, todos os países e pessoas perdem com o processo de globalização. Com certeza perdem. A evasão de suas fábricas e consequentemente o dinheiro dos tributos, os postos de trabalho que deixam de existir, a menor injeção de capital para girar a economia etc. Mas é preciso analisar também que há outra extremidade ganhando com essas mudanças. Países sub ou muito pouco desenvolvidos veem dinheiro sendo injetado em sua economia, grandes empresas trazendo progresso e visibilidade para seu Estado e a diminuição dos índices de desemprego. A forma como tem sido feita não é a mais adequada ou justa, mas tem trazido vantagens para quem as recebe.
Os enormes lucros obtidos por essas empresas que se valem dessa nova regra de mercado, que prega a disseminação dos vários pilares entre os países mais vantajosos financeira e tributariamente. Os lucros da Nike, famosa por valer-se da mão-de-obra chinesa e koreana na confecção de seus produtos, aumentam a cada ano, (com uma pequena interrupção nos sucessivos lucros dos últimos balanços após a aquisição da então problemática Umbro). Se a empresa não tivesse aderido à nova tendência de descentralização, qual seria sua atual situação? O mesmo se aplica aos segmentos de brinquedos, eletrônicos e vestuário, por exemplo, que se utilizam dessa mão-de-obra. A indicação Made in China em produtos de origem americana tornou-se comum e não é sinônimo de má qualidade, como poderia se pensar de um mesmo produto fabricado no mesmo local, mas que não contivesse o logo da marca conhecida.
Kurz diz que o capital globalizado depende mais do que nunca de uma infra-estrutura funcional, que envolve portos, aeroportos, estradas, telefonia, internet e pessoal qualificado. De nada adiantaria um país que o salário pago equivalesse a 1/50 do habitual de um país desenvolvido se não tivesse como escoar a produção ou não conseguisse manter contato com as matrizes. Essa é a (nem tão nova) tendência atual de mercado, sem muitas opções de fuga. Não tão justa para alguns, mas muito vantajosa para outros.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
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