EUA mantendo-se como a primeira economia mundial
Podemos considerar a história dos Estados Unidos cheia de vitórias, mas vitórias tão intensas que podem causar grandes crises, as quais, mesmo sendo arrebatadoras, não os tiram da posição dominadora em que se encontram há anos.
O crescimento pelo qual passaram do final do século XIX ao início do século XX, acarretou numa grande crise, a queda da bolsa de 1929. Só para ter uma idéia do tamanho da queda, os EUA vinham de um crescimento extremamente considerável que aumentou a riqueza do país de 86 milhões em 1900 para 361 milhões de dólares em 1929.
No dia 24 de outubro de 1929, na “quinta-feira negra”, os títulos negociados na Bolsa de Valores de Nova York iniciaram uma queda livre e grandes cortes foram feitos na produção e nos investimentos. O resultado foi um declínio da renda nacional e um desemprego em massa (12 milhões de pessoas ficaram desempregadas).
Grande parte da população passou a viver na miséria e outra parte teve seus salários drasticamente reduzidos. Para manter as mínimas condições de vida, muitos contraíram uma quantia extensa em dívidas até gastarem todas as suas cartas nesse jogo o qual com certeza perderiam numa questão de pouquíssimo tempo.
Com certeza, os donos das fábricas, nas quais as pessoas que agora mendigavam por pouco de dignidade trabalhavam, nunca pensaram em mantê-las empregadas adaptando o horário de trabalho e o salário, mas não, se não há lucro, não interessa. “Em uma economia capitalista, as decisões concernentes à produção baseiam-se, antes de tudo, no princípio do lucro, não nas necessidades do homem.”
Enquanto o maior símbolo do sucesso do capitalismo tentava recuperar-se de uma crise intensa, a economia soviética crescia em ritmo acelerado, colocando em cheque a eficácia do sistema econômico capitalista. E para encontrar soluções para o problema que assolava o país, alguém deveria se incumbir dessa tarefa. John Maynard Keynes (1883 – 1946) procurou analisar o que estava acontecendo com o capitalismo em sua obra The General Theory of Employment, Interest and Money.
O economista começou analisando o processo de produção. Uma empresa produz certa quantia de dinheiro em forma de bens, com a venda desses bens, paga-se as despesas com matéria-prima, salários, contas etc. O restante é o lucro. Para que isso ocorra, as pessoas devem ter dinheiro para comprar e, assim, a empresa que produz terá mais dinheiro para continuar produzindo a mesma quantia de bens ou mais e, dessa forma, se cria o ciclo do comércio. Keynes deu a esse processo o nome de fluxo circular: “o dinheiro flui das empresas para o público sob a forma de salários, remunerações, rendas, juros e lucros; em seguida, esse dinheiro retorna para as empresas quando o público adquire os bens e serviços oferecidos por elas. O processo perdura, enquanto as empresas puderem vender tudo o que produzirem e obter lucros satisfatórios.”
Porém, esse fluxo apresenta vazamentos, pois alguns salvam certa quantia em poupanças ou simplesmente não a gastam, e outros fazem empréstimos em bancos para gastos extras. “Keynes constatou, no entanto, que no auge da prosperidade a poupança geralmente supera os empréstimos aos consumidores.”
Outras duas fontes de vazamentos são: pessoas que adquirem bens e serviços de empresas estrangeiras, indo, dessa forma, o dinheiro para outro país; e valores gastos com impostos.
Para Keynes, esses vazamentos deveriam ser compensados com equilíbrio entre importações e exportações, trazendo também, dinheiro de outros países; utilização dos impostos para financiar a aquisição de bens e serviços; e empréstimos feitos por empresários que queiram ampliar seu capital em bancos onde há as poupanças.
Porém não é tão simples assim, já que quem possui renda maior, costuma poupar mais, e mais uma vez uma maior quantia de dinheiro é guardada em poupanças. Outro problema é o limite de investimentos de capital que há em qualquer economia capitalista madura.
Assim, quando não dá mais para investir, os investimentos ficam abaixo da poupança, e os gastos em bens e serviços ficam abaixo dos bens e serviços produzidos, as empresas não vendem tudo, os estoques aumentam. A solução é reduzir a produção, mas como todo mundo faz isso ao mesmo tempo aumenta-se em muito o número de desempregados e há o declínio de renda, ou seja, menos gente compra. E reduzem mais uma vez a produção. E assim faz-se mais um ciclo.
A solução proposta por Keynes foi:
“Quando a poupança excedesse os investimentos, o governo deveria entrar em cena, recolhendo o excesso de poupança mediante empréstimos e investindo o dinheiro em projetos de utilidade social. A escolha deveria recair sobre projetos que não ampliassem a capacidade produtiva da economia e, ao mesmo tempo, não reduzissem as oportunidades de investimento para o futuro. As despesas governamentais injetariam maiores recursos no fluxo de gastos e criariam condições para o estabelecimento do pleno emprego, sem alterar o estoque de capital.”
Com a Segunda Guerra Mundial, o desemprego deu lugar à falta de mão-de-obra e após ela, sem perda de tempo, puseram em prática os preceitos keynesianos. “A Lei do Emprego, aprovada em 1946, transformou em obrigação legal do governo usar o poder de cobrar impostos, contrair empréstimos e despender dinheiro com a finalidade de manter o pleno emprego.”
Nos EUA, as despesas militares funcionam da forma descrita por Keynes. São elas que “mantêm a indústria de bens de capital operando próximo a sua plena capacidade, sem elevar a capacidade produtiva da economia tão rapidamente como seria o caso se ela estivesse produzindo bens de capital exclusivamente para as indústrias”.
Tudo isso traz um risco aos EUA, já que não é tão interessante assim, com relação ao relacionamento estabelecido com o mundo inteiro, basear-se firmemente na indústria voltada para a guerra para manter forte a economia do país. Seria torcer e incentivar diariamente a existência de desavenças em alguma parte do planeta para que assim possam viver em “paz”, vendendo armamento pesado. Mas pensando bem, se esse sistema está funcionando bem até hoje, por que não mantê-lo por mais tempo?
Podemos considerar a história dos Estados Unidos cheia de vitórias, mas vitórias tão intensas que podem causar grandes crises, as quais, mesmo sendo arrebatadoras, não os tiram da posição dominadora em que se encontram há anos.
O crescimento pelo qual passaram do final do século XIX ao início do século XX, acarretou numa grande crise, a queda da bolsa de 1929. Só para ter uma idéia do tamanho da queda, os EUA vinham de um crescimento extremamente considerável que aumentou a riqueza do país de 86 milhões em 1900 para 361 milhões de dólares em 1929.
No dia 24 de outubro de 1929, na “quinta-feira negra”, os títulos negociados na Bolsa de Valores de Nova York iniciaram uma queda livre e grandes cortes foram feitos na produção e nos investimentos. O resultado foi um declínio da renda nacional e um desemprego em massa (12 milhões de pessoas ficaram desempregadas).
Grande parte da população passou a viver na miséria e outra parte teve seus salários drasticamente reduzidos. Para manter as mínimas condições de vida, muitos contraíram uma quantia extensa em dívidas até gastarem todas as suas cartas nesse jogo o qual com certeza perderiam numa questão de pouquíssimo tempo.
Com certeza, os donos das fábricas, nas quais as pessoas que agora mendigavam por pouco de dignidade trabalhavam, nunca pensaram em mantê-las empregadas adaptando o horário de trabalho e o salário, mas não, se não há lucro, não interessa. “Em uma economia capitalista, as decisões concernentes à produção baseiam-se, antes de tudo, no princípio do lucro, não nas necessidades do homem.”
Enquanto o maior símbolo do sucesso do capitalismo tentava recuperar-se de uma crise intensa, a economia soviética crescia em ritmo acelerado, colocando em cheque a eficácia do sistema econômico capitalista. E para encontrar soluções para o problema que assolava o país, alguém deveria se incumbir dessa tarefa. John Maynard Keynes (1883 – 1946) procurou analisar o que estava acontecendo com o capitalismo em sua obra The General Theory of Employment, Interest and Money.
O economista começou analisando o processo de produção. Uma empresa produz certa quantia de dinheiro em forma de bens, com a venda desses bens, paga-se as despesas com matéria-prima, salários, contas etc. O restante é o lucro. Para que isso ocorra, as pessoas devem ter dinheiro para comprar e, assim, a empresa que produz terá mais dinheiro para continuar produzindo a mesma quantia de bens ou mais e, dessa forma, se cria o ciclo do comércio. Keynes deu a esse processo o nome de fluxo circular: “o dinheiro flui das empresas para o público sob a forma de salários, remunerações, rendas, juros e lucros; em seguida, esse dinheiro retorna para as empresas quando o público adquire os bens e serviços oferecidos por elas. O processo perdura, enquanto as empresas puderem vender tudo o que produzirem e obter lucros satisfatórios.”
Porém, esse fluxo apresenta vazamentos, pois alguns salvam certa quantia em poupanças ou simplesmente não a gastam, e outros fazem empréstimos em bancos para gastos extras. “Keynes constatou, no entanto, que no auge da prosperidade a poupança geralmente supera os empréstimos aos consumidores.”
Outras duas fontes de vazamentos são: pessoas que adquirem bens e serviços de empresas estrangeiras, indo, dessa forma, o dinheiro para outro país; e valores gastos com impostos.
Para Keynes, esses vazamentos deveriam ser compensados com equilíbrio entre importações e exportações, trazendo também, dinheiro de outros países; utilização dos impostos para financiar a aquisição de bens e serviços; e empréstimos feitos por empresários que queiram ampliar seu capital em bancos onde há as poupanças.
Porém não é tão simples assim, já que quem possui renda maior, costuma poupar mais, e mais uma vez uma maior quantia de dinheiro é guardada em poupanças. Outro problema é o limite de investimentos de capital que há em qualquer economia capitalista madura.
Assim, quando não dá mais para investir, os investimentos ficam abaixo da poupança, e os gastos em bens e serviços ficam abaixo dos bens e serviços produzidos, as empresas não vendem tudo, os estoques aumentam. A solução é reduzir a produção, mas como todo mundo faz isso ao mesmo tempo aumenta-se em muito o número de desempregados e há o declínio de renda, ou seja, menos gente compra. E reduzem mais uma vez a produção. E assim faz-se mais um ciclo.
A solução proposta por Keynes foi:
“Quando a poupança excedesse os investimentos, o governo deveria entrar em cena, recolhendo o excesso de poupança mediante empréstimos e investindo o dinheiro em projetos de utilidade social. A escolha deveria recair sobre projetos que não ampliassem a capacidade produtiva da economia e, ao mesmo tempo, não reduzissem as oportunidades de investimento para o futuro. As despesas governamentais injetariam maiores recursos no fluxo de gastos e criariam condições para o estabelecimento do pleno emprego, sem alterar o estoque de capital.”
Com a Segunda Guerra Mundial, o desemprego deu lugar à falta de mão-de-obra e após ela, sem perda de tempo, puseram em prática os preceitos keynesianos. “A Lei do Emprego, aprovada em 1946, transformou em obrigação legal do governo usar o poder de cobrar impostos, contrair empréstimos e despender dinheiro com a finalidade de manter o pleno emprego.”
Nos EUA, as despesas militares funcionam da forma descrita por Keynes. São elas que “mantêm a indústria de bens de capital operando próximo a sua plena capacidade, sem elevar a capacidade produtiva da economia tão rapidamente como seria o caso se ela estivesse produzindo bens de capital exclusivamente para as indústrias”.
Tudo isso traz um risco aos EUA, já que não é tão interessante assim, com relação ao relacionamento estabelecido com o mundo inteiro, basear-se firmemente na indústria voltada para a guerra para manter forte a economia do país. Seria torcer e incentivar diariamente a existência de desavenças em alguma parte do planeta para que assim possam viver em “paz”, vendendo armamento pesado. Mas pensando bem, se esse sistema está funcionando bem até hoje, por que não mantê-lo por mais tempo?
Paula Cabral Gomes
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